A gestão da qualidade envolve ações cujo objetivo é acompanhar e otimizar processos, reduzir defeitos e garantir a satisfação dos clientes.
Trata-se de um processo fortemente impactado pela cultura organizacional na busca pela excelência em todos os níveis da empresa.
Uma boa gestão da qualidade traz impactos profundos e de longo prazo, como:
- a melhoria contínua de todas as atividades,
- a eficiência nos processos,
- a redução de desperdícios,
- a melhora na reputação da marca,
- o aumento na lucratividade da operação.
Conforme uma pesquisa realizada pela empresa de consultoria KPMG, 84% dos consumidores brasileiros dizem que a qualidade dos produtos e serviços é o principal requisito para se ter fidelidade a uma marca.
Diante desses dados, não é difícil compreender porque um empreendimento, independente do porte ou segmento, precisa efetivamente investir na gestão da qualidade e alcançar o tão sonhado sucesso no mundo dos negócios.
Para conhecer detalhes a esse respeito, continue a leitura e confira!
O papel da gestão da qualidade na competitividade e sustentabilidade empresarial
A gestão da qualidade consiste em avaliar se o conjunto de práticas, processos e metodologias adotadas pela empresa atende aos padrões estabelecidos pelo mercado e agrada às expectativas dos clientes.
É importante lembrar que o objetivo não é apenas evitar falhas, mas também promover continuamente a eficiência e o compromisso genuíno que a organização deve ter com seus clientes. O foco dessa ação reflete diretamente na competitividade e sustentabilidade da empresa a longo prazo.
Para isso, muitos desafios precisam ser vencidos, para garantir que a qualidade esteja disseminada em todos os processos e ambientes:
- fábricas,
- lojas,
- unidades operacionais,
- frentes de serviços, etc.
Principais desafios da coleta de informações no ambiente de produção
A matéria-prima da gestão da qualidade é a informação. Para gerenciar a qualidade, é imprescindível contar com dados que, após serem compilados, transformam-se rapidamente em informação confiável e acionável.
Um dos grandes desafios está exatamente na coleta desses dados nos diversos ambientes operacionais da empresa.
Uma primeira barreira encontrada é a falta de padronização desses dados. Algumas informações são numéricas, outras implicam no preenchimento de fichas de verificação e checklists que requerem não apenas a marcação de conformidade como também descrições de desvios e evidências. A solução convencional é desenvolver formulários em papel para buscar uma organização e padronização desses dados.
Padronizar as entradas com formulários físicos é um primeiro passo no caminho da organização dos dados, no entanto, esse procedimento ainda requer várias etapas burocráticas até que se torne uma informação útil e que direcione ações em tempo hábil.
Isso porque formulários físicos quando analisados individualmente são pobres em informações. Uma decisão bem embasada normalmente requer o cruzamento com outros dados e mesmo uma visão histórica para análise de tendências.
Por essa razão, os dados dos formulários precisam ser inseridos via digitação manual em outros sistemas para que possam servir de base para os gestores decidirem entre as alternativas de ação possíveis.
Essas etapas adicionam tempo e custos ao processo de gestão, fazendo com que os prejuízos decorrentes das inconformidades aumentem significativamente.
Infelizmente é muito comum que um desvio nos parâmetros de produção seja identificado apenas quando não pode ser tratado precocemente, quando o prejuízo maior já aconteceu. Essa informação passa a ter valor apenas para compor o histórico e, portanto, não contribuindo para a tomada de decisão em tempo real.
Soluções tecnológicas como aliadas da qualidade
A tecnologia é a solução para automatizar todo o processo, desde a coleta até a atualização dos relatórios e dashboards com os indicadores.
Na gestão da qualidade em indústrias, diferentes tipos de sistemas podem ser utilizados para garantir padrões elevados de produção, segurança, eficiência e conformidade com normas. Eles podem ser classificados tanto em sistemas normativos (voltados para certificações e padronizações) quanto em sistemas tecnológicos (softwares e ferramentas de apoio). Aqui estão alguns exemplos:
| Sistema | Finalidade | Setor de aplicação | Exemplo de uso prático |
| ISO 9001 (qualidade) | Padronizar processos, garantir foco no cliente e melhoria contínua | Todos os setores industriais | Implantação de auditorias internas e indicadores de satisfação do cliente |
| IATF 16949 | Reduzir defeitos e variação no setor automotivo | Indústria automotiva e autopeças | Monitoramento de não conformidades em linhas de montagem |
| ISO 13485 | Gestão da qualidade em dispositivos médicos | Indústrias de saúde, biotecnologia e equipamentos médicos | Rastreabilidade completa de lotes de produtos médicos |
| BPF/GMP (Boas Práticas de Fabricação) | Garantir higiene, segurança e padronização de processos produtivos | Indústrias farmacêuticas, alimentícias e cosméticas | Controle de contaminação cruzada e validação de processos |
| HACCP | Identificação e controle de pontos críticos de contaminação | Alimentos e bebidas | Monitoramento da temperatura em etapas críticas da produção |
| ERP | Integração de processos (produção, finanças, estoque, manutenção) | Todos os setores industriais | Uso do SAP para integrar pedidos de produção com controle de estoque |
| MES | Controle em tempo real da produção | Manufatura de alta complexidade (eletrônicos, automotivo, química) | monitoramento da eficiência de linhas de produção |
| LIMS | Gestão de análises laboratoriais e rastreabilidade | Indústrias químicas, farmacêuticas e alimentos | Registro digital de ensaios físico-químicos e microbiológicos |
| QMS (softwares de qualidade) | Gestão de documentos, não conformidades e auditorias | Indústrias reguladas e certificadas | Centralizando documentos de qualidade e relatórios de auditoria |
| Aplicativos de checklists | Automação de checklists, fichas de verificação de produtos e serviços | Todos os setores industriais | Otimizando da coletas de dados e a atualização de Indicadores |
| Ferramentas Lean/Seis Sigma/5S | Melhoria contínua e redução de desperdícios | Todos os setores industriais | Aplicação do Kaizen para otimizar tempos de setup em máquinas |
| Gestão Eletrônica de Documentos (GED) | Digitalizar, organizar e controlar documentos com segurança | Todos os setores industriais | gerenciar versões de documentos e registros da qualidade |
| Plataformas de treinamento online (LMS) | Capacitar equipes de forma digital e rastreável | Todos os setores industriais | registrar treinamentos obrigatórios da qualidade |
| Uso de inteligência artificial | Analisar dados, prever falhas e otimizar processos de qualidade | Indústrias com alto volume de dados (automotivo, químico, manufatura avançada) | A aplicada na inspeção de qualidade por visão computacional |
A escolha de quais sistemas adotar deve estar alinhada aos objetivos estratégicos da organização e ao nível de maturidade dos processos internos. É fundamental avaliar critérios como a aderência às normas regulatórias do setor e a capacidade de gerar informações confiáveis para a tomada de decisão.
Nesse sentido, um bom critério de seleção é sempre considerar não apenas o custo da ferramenta, mas também o retorno sobre o investimento em eficiência, conformidade e capacidade de apoiar a melhoria contínua.
Um dos maiores desafios está na integração entre os diferentes sistemas tecnológicos e normativos. Muitas indústrias convivem com softwares isolados que não se comunicam entre si, dificultando a consolidação de dados e aumentando a complexidade de auditorias.
Apesar dos desafios, os benefícios do uso de tecnologias aplicadas à gestão da qualidade são evidentes. A automação de checklists, a gestão eletrônica de documentos, o uso de inteligência artificial e outras soluções permitem reduzir falhas humanas, aumentar a rastreabilidade e acelerar a análise de dados críticos.
Quando bem integradas, essas ferramentas oferecem não apenas ganhos operacionais, mas também fortalecem a reputação da empresa junto a clientes, fornecedores e órgãos reguladores, tornando-se um diferencial competitivo no mercado.
(Imagens: divulgação)
