A análise preliminar de riscos (APR) é um dos cuidados mais importantes dentro de uma organização. Com ela, os gestores podem adotar uma postura proativa, identificando antecipadamente os perigos presentes no ambiente de trabalho e implementando medidas preventivas. Logo, evitam acidentes e doenças.
O documento contém os riscos presentes no ambiente de trabalho, suas causas e danos potenciais. Além disso, ele indica quais são as medidas preventivas para minimizar a probabilidade de eventos indesejados.
Esse conhecimento é importante para orientar as ações dos colaboradores, para que o trabalho aconteça em um ambiente seguro. Então, continue a leitura e confira 6 dicas para elaborar uma análise preliminar de riscos eficaz!
1. Defina o trabalho que precisa ser feito
Inicialmente, o gestor deve ter clareza sobre o fluxo de trabalho que deve ser realizado pelos colaboradores. Por isso, comece dividindo o processo em tarefas para que cada etapa possa ser avaliada sobre os perigos para o colaborador.
Uma forma de padronizar a descrição das atividades é usar os 6Ms do Diagrama de Ishikawa. Com a metodologia, podemos definir o risco das tarefas a partir da análise do trabalho sob as seguintes perspectivas:
- mão de obra — características dos colaboradores envolvidos, como força física, conhecimento de segurança, competências etc.;
- máquina — ferramentas, equipamentos e máquinas utilizadas;
- medida — decisões implementadas pela gestão, como metas, carga horária e turno etc.;
- meio ambiente — o contexto no qual a tarefa está inserida;
- material — insumos, matéria-prima e produtos utilizados;
- método — procedimentos e técnicas utilizadas.
A organização facilita o levantamento dos perigos que serão destacados na análise preliminar de riscos (APR). Em uma oficina, por exemplo, teríamos os riscos ergonômicos ligados ao método adotado pelo colaborador, riscos químicos relacionados a solventes e lubrificantes, à poeira que cai no ambiente, riscos de acidentes com perfuração e cortes nas máquinas, entre outros.
2. Faça o levantamento dos riscos
O passo seguinte é avaliar as diferentes perspectivas da tarefa para identificar os perigos para os colaboradores. Segundo a Portaria nº 25/1994 do Ministério do Trabalho, os tipos de riscos ocupacionais são os seguintes:
- riscos físicos (verde) — “ruídos”, “vibrações”, “radiações ionizantes”, “radiações não ionizantes”, “frio”, “calor”, “pressões anormais” ou “umidade”;
- riscos químicos (vermelho) — “Poeiras”, “Fumos”, “Névoas”, “Neblinas”, “Gases”, “Vapores”, “Substâncias, compostos” ou “produtos químicos”;
- riscos biológicos (marrom) — “Vírus”, “Bactérias”, “Protozoários”, “Fungos”, “Parasitas”, “Bacilos”;
- riscos ergonômicos (amarelo) — “Esforço físico intenso”, “Levantamento e transporte manual de peso”, “Exigência de postura inadequada”, “Controle rígido de produtividade”, “Imposição de ritmos excessivos”, “Trabalho em turno e noturno”, “Jornadas de trabalho prolongadas”, “Monotonia e repetitividade”, “Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico”;
- risco de acidentes (azul) — “Arranjo físico inadequado”, “Máquinas e equipamentos sem proteção”, “Ferramentas inadequadas ou defeituosas”, “Iluminação inadequada”, “Eletricidade”, “Probabilidade de incêndio ou explosão”, “Armazenamento inadequado”, “Animais peçonhentos”, “Outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes”.
A lista prevista na portaria é exemplificativa, e os gestores podem identificar todos os outros riscos ocupacionais relacionados aos tipos indicados. Já as cores identificam a presença dos perigos no mapa de riscos, que é uma planta do ambiente de trabalho com os perigos apontados.
3. Identifique as causas relacionadas aos riscos
O responsável pela análise preliminar de riscos deve buscar a origem dos perigos ocupacionais, que servirá para orientar as medidas preventivas. Normalmente, podemos ligar máquina, método, mão de obra etc. aos riscos ocupacionais para mapear as relações de causa e efeito.
Imagine, por exemplo, que os colaboradores estão expostos a fortes ruídos e objetos cortantes. A causa pode estar em uma máquina utilizada no ambiente de trabalho, que emite o barulho à medida que o funcionário executa suas tarefas.
4. Avalie os possíveis danos para os colaboradores
Assim como tem causas, os riscos geram consequências para os colaboradores. O ruído, por exemplo, leva à perda auditiva imediata ou mediante a degradação ao longo do tempo; um produto químico pode intoxicar o colaborador; uma ferramenta de corte pode causar ferimentos e assim por diante.
5. Planeje as medidas preventivas
As medidas preventivas lidam com as causas ou efeitos dos riscos ocupacionais. Nesse sentido, a NR1 determina que, primeiramente, devemos eliminar o fator de risco e — apenas se não for possível — partir para a mitigação ou proteção individual. Veja o que diz a legislação:
g) implementar medidas de prevenção, ouvidos os trabalhadores, de acordo com a seguinte ordem de prioridade:
I. eliminação dos fatores de risco;
II. minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas de proteção coletiva;
III. minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas administrativas ou de organização do trabalho;
IV. adoção de medidas de proteção individual.
Perceba que a proteção individual é o último item da lista. Por exemplo, caso a análise preliminar de riscos identifique que certo produto de dedetização traz um risco químico, tentamos primeiramente não utilizar o item tóxico, recorrendo aos equipamentos de proteção individual (EPI) somente se não for possível eliminá-lo da atividade.
6. Documente a análise preliminar de riscos (APR)
Com as informações levantadas, devemos preencher a APR. Além da identificação da empresa e do responsável pela avaliação, o modelo mais comum traz as seguintes colunas de uma tabela:
- item/tarefa;
- risco;
- efeitos;
- causa;
- medida preventiva.
O ideal é buscar um sistema de gestão para fazer o controle das tarefas com recursos digitais e ferramentas de automação. A tecnologia aumenta a visibilidade e o controle do gestor, bem como fornece informações úteis para tomar decisões. Logo, torna a análise preliminar de riscos mais fácil de planejar e executar.
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